quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Apenas uma resposta

Em jeito de resposta aos comentários suscitados pelo meu post do passado dia 9 de Agosto, “Mais uma actuação da Tuna Penalvense” e porque, caro comentarista, não tenho qualquer género de problemas de consciência, permitam-me que faça meia dúzia de comentários:


Em primeiro lugar, respondo apenas pelas minhas palavras. O que cada comentarista escreve não é da minha responsabilidade. São minhas, única e simplesmente as palavras do referido post – e nelas não se encontra nem uma única referência ao grupo, nem qualquer género de crítica, no que diz respeito à sua qualidade musical. Convido-o a reler o post. Confirme.

Em relação ao tempo da actuação, eu próprio falei com a Sra. Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Góis, que me propôs uma actuação de cerca de 45 minutos. Repare que não excedemos o tempo previsto – o que se passou foi que o atraso que se verificou durante a viagem propiciou que ambos os grupos entrassem em palco mais tarde do que seria desejável, por todas as razões.

A Tuna de Penalva de há 5 anos, caro “etsaa”, era isso mesmo: a Tuna de Penalva de há 5 anos. A Tuna actual difere na orientação musical, no instrumentário utilizado, no repertório e, principalmente, na faixa etária dos seus elementos. O público é, efectivamente, soberano. Mas atentemos no seguinte:

Do meu ponto de vista (e, espero, do ponto de vista de qualquer músico e/ou cidadão minimamente informado…), qualquer tipo de música merece respeito. Parece-me óbvio que ninguém irá ao Scalla de Milão ouvir o Rancho Folclórico de seja lá onde for. Da mesma forma, ninguém espera ir a um arraial de S. João, comer uma bifana acompanhada de um fino, ao som de uma Abertura Mozartiana, por melhor que seja a orquestra. Há sempre um contexto associado à música.

No caso em concreto, a que se refere, reparei que havia públicos-alvo distintos: uns, ouviram o primeiro grupo, e foram embora. Outros, preferiram o segundo, e vieram apenas para o ouvir. Qualidade? Defina-me qualidade musical, se faz favor… resolveria um problema essencial, que já dura há dez séculos de história da música...

Quando fala das tunas do concelho, é bom que se saiba que, no domínio da musicologia, há, neste momento, três tipos de tuna aceites, pelo menos a nível ibérico…

- As tunas académicas, conhecidas de todos nós…

- As tunas e cantares, género onde se enquadra o segundo grupo em actuação, onde predomina a música de carácter vocal, com acompanhamento de cordofones, aerofones do ciclo pastoril (vulgas flautas travessas) e instrumentos de percussão, nomeadamente idiofones e membranofones…

- As tunas clássicas ou orquestras populares, que assentam no princípio da música para orquestra de cordas… sendo que violino, viola, violoncelo e contrabaixo apoiam ou dão lugar à bandolineta, bandolim, bandola, bandoloncelo e baixo acústico…

Portanto, não me fale em figuras tristes. Desafio-o a explicar-me como é que as nossas músicas boas (sic) podem soar melhor.


A sua tuna é tão boa como a minha. A sua, ao nível da música popular, cantada. A minha, ao nível da música instrumental. De resto, não conheço mais nenhuma tuna clássica no concelho – a nível nacional, conheço duas em Souselas, outra na Universidade de Aveiro, uma na Academia de Coimbra e o Grupo de Cordas de Vilar Formoso. Se quer competir, ou tecer comparações, terá de o fazer com agrupamentos musicais congéneres ao seu.


Realce-se: no post que publiquei, falei de alguns elementos, (a bold, e tudo!). Não incluí o comentador devidamente identificado (a minha vénia a isso, Romeu.), nem uma série de elementos do vosso grupo, que assistiram educadamente à actuação. Alguns elementos quer dizer isso mesmo: tal como não me responsabilizo pelas palavras daqueles que me comentam, não responsabilizei o vosso grupo pela inconsciência desses alguns. Em relação ao tempo de actuação, já o referi, uns parágrafos acima.

Problemas de consciência, não os tenho. Fui muitíssimo bem acolhido pela Tuna e pelas gentes de Penalva. O trabalho desenvolvido agrada-me a mim, aos meus executantes, à direcção e à população penalvense. Agrada às salas de concerto, cine-teatros, mosteiros, etc., que se têm enchido, e cujo público soberano tem sabido aplaudir e criticar de forma construtiva.

Criar problemas? Eu não referi nomes, não fiz críticas ao grupo, nem falei sequer na qualidade musical. Apenas constatei a falta de civismo de meia dúzia de elementos. Coisa que os vossos dirigentes deveriam ter repreendido, como eu e outros elementos Penalvenses fizemos, quando alguns dos nossos mostraram vontade de rivalizar com alguns dos vossos. Eu limito-me a fazer o meu trabalho, apoiado por todos aqueles que trabalham comigo. As desavenças, essas, já são históricas… já existiam mesmo antes de tu, ou eu, termos nascido…

Com os melhores cumprimentos e desejos de sucesso para ambos os grupos:

Rui Marques.

7 comentários:

cm disse...

so tenho umas coisinhas a dizer...porque tu, Rui, so com meia palavra calas muita gente...é que há gente que nem uma partitura sabe ler, e depois tessem comentarios sobre qualidade de musica...mas pronto, a vida é assim. É que eu sempre ouvi dizer 'quem não sabe, arruma po lado'. Para além disso, a nossa tuna tem uma média d idades que nao ultrapassa seguramente os 19 anos, e mesmo assim conseguimos ser muito mais civilizados que uma tuna d 'veteranos' (salvo seja...são veteranos no sentido d idade) abraço e continua a postar assim

cm disse...

so tenho umas coisinhas a dizer...porque tu, Rui, so com meia palavra calas muita gente...é que há gente que nem uma partitura sabe ler, e depois tessem comentarios sobre qualidade de musica...mas pronto, a vida é assim. É que eu sempre ouvi dizer 'quem não sabe, arruma po lado'. Para além disso, a nossa tuna tem uma média d idades que nao ultrapassa seguramente os 19 anos, e mesmo assim conseguimos ser muito mais civilizados que uma tuna d 'veteranos' (salvo seja...são veteranos no sentido d idade) abraço e continua a postar assim

Rutitah disse...

sim...
boa resposta...
continua assim...
grande maestro....
a tuna de penalva esta contigo...
beijos e abraços

Unknown disse...

Tínhamos aqui muito que falar acerca dos comentários, de qualidades musicais, civismo, etc mas penso que aqui não será o lugar indicado para o fazer... Até porque não é minha intenção deitar mais achas para a fogueira.
Se algum dia tiver a oportunidade de falar contigo pessoalmente, e caso queiras como é evidente, falarei contigo acerca do que se passou.
Só mais uma coisita à qual não posso deixar de responder: há muitos de nós que não sabem ler uma partitura mas não é por isso que ficam atrás dos que sabem ler, muito pelo contrário e sendo assim eles têm legitimidade para “tesserem” (eu sei que escrevi mal, foi de propósito) qualquer comentário musical que queiram. Quanto ao “quem não sabe arruma po lado”… lool nem vou comentar…
Quanto á media de idades, sim Sra. Vocês têm esse mérito. Agora te digo que a nossa tuna tem veteranos em idade e em música. Se algum dia tiveres a oportunidade de ouvir a tuna, convido-te a tomar mais atenção a alguns instrumentos.
Não há comparação possível entre a vossa tuna e a nossa tuna. São completamente diferentes quer a nível de repertório, estilo musical, postura em palco, publico alvo, etc..
Em género de conclusão do meu post, continuo a achar que isto em nada abona para o relacionamento tanto das duas tunas como das duas terras mas isso é a minha humilde opinião.
Continuação de um bom trabalho e ate uma próxima oportunidade.

Rui Marques disse...

Concordo inteiramente. Logo que possamos, conversaremos pessoalmente. É a falar que as pessoas se entendem. Quanto ao facto de não se saber ler uma partitura, nada contra. De resto, esse comentário não foi feito por mim.

Terei a oportunidade de vos ouvir, e vice-versa, já no próximo dia 25 de Agosto, em Oliveira do Hospital. Espero civismo de ambas as partes.

Obviamente, não há comparação possível entre os dois grupos. Daí que tenha respondido ao comentário de "etsaa", que comparava os grupos, escarnecendo da qualidade musical da Tuna Penalvense.

A tua opinião é idêntica à minha. A prática musical deveria ser pretexto para a união e o convívio, e não para o contrário. O que se passa é que, quando ambos os grupos estão num sítio que nada tem que ver com estas "guerrilhas" tradicionais e históricas, o género de comportamentos que se verificaram acabam por deixar uma má imagem do grupo (seja ele qual for) que está em palco, graças a comentários pouco elegantes, reveladores de má intenção e educação.

Retribuo o desejo de um bom trabalho.

Rui Marques

Anônimo disse...

Não era minha intenção voltar aqui, mas depois de ver esta ridicula questão de quem sabe ou não sabe ler uma partitura,apenas vou fazer um pequenino reparo ao CM....(Não querendo de modo algum alimentar mais esta ridicula questão de rivalidades, até porque ontem disse o que tinha a dizer sobre as duas tunas que respeito.e por isso tb peço as minhas desculpas pelo uso abusivo do seu blog) Na tuna de Stº António do Alva, existe um elemento, que por acaso é o meu pai e que por acaso, não sabe ler uma unica partitura. em 29 de Novembro de 2006, a Fundação Amália Rodrigues, na sua II Gala atribuiu-lhe o prémio de mérito na categoria de Fado de Coimbra. (Conforme pode confirmar em todos os artigos publicados nos jornais nacionais e regionais). Além disso, sempre que se refere a musica da guitarra de Coimbra o nome "Moreirinhas " não é indiferente a ninguém. Gravou os "Vampiros" (que duvido que saiba de que se trata)com o Zeca Afonso, entre outras muitas musicas. Gravou com Adriano Correia de Oliveira, António Portugal, António Brojo, Luis Goes, António Bernardino, Amália Rodrigues, etc..etc..etc.... Com a viola de coimbra correu os 4 cantos do mundo. Este ano actuou em Macau (Jogos da Lusofonia) e há cerca de 3 meses esteve em Timor (onde tocou para o Xana Gusmão)e na Indonesia. Só aí, deram 16 espectaculos em 13 dias. O Grupo que actualmente integra chama-se Alma de Coimbra... Agora pergunto: Será assim tão importante não saber ler uma partitura????? Não me parece....O mais importante sempre foi ter um ouvido verdadeiramente excepcional e uns dedos de fazer inveja a muita gente. Como vê, caro CM, a musica sente-se. Primeiro, estranha-se e depois entranha-se. Se tiver duvidas, o Rui Marques talvez o possa esclarecer. ( e já agora, "tessem"??????????)
Patricia Moreirinhas

Rui Marques disse...

Cara Patrícia:

Conheço o seu pai, quer da vossa tuna, quer do fado de Coimbra, e reconheço-lhe qualidade e mérito. Mesmo no que diz respeito a esta estúpida rivalidade, foi o primeiro a aproximar-se de mim e de outros elementos, felicitando-nos pelo trabalho que mostrámos, o que demonstra que é um homem com conhecimento e sensibilidade para apreciar a Música.

O facto de se saber ou não ler uma partitura tem uma importância vital, uma vez que facilita a percepção global da música e a própria montagem, uma vez que a aprendizagem se torna muito mais rápida, podendo partir-se para aspectos de interpretação com maior facilidade.
Um outro aspecto é também importante: ninguém é eterno, e ter uma partitura escrita permite substituir um elemento por outro, na sua falta. Mais ainda: daqui a 100 anos, talvez a partitura ainda exista, e possa ser tocada. Defendo que, mesmo quando não se sabe ler, tem de haver uma partitura - o património de tradição oral é valiosíssimo, mas corremos o risco de o esquecer no decorrer dos anos - uma vez esquecido, se não for perpetuado entre as gerações mais novas, corre o risco de morrer.

Tal não quer dizer que a leitura seja condição indispensável para tocar um instrumento - no domínio da Música Popular, do Fado, e até mesmo do Pop e do Rock, a grande maioria dos instrumentistas não sabem ler música. è uma aprendizagem feita da vivência da música, de longas horas a tocar em grupo. Sem isto, nada feito.

O próprio Carlos Paredes não sabia ler música... Imagine-se que sabia: não sei se seria melhor guitarrista por saber ler, parece-me que não, mas seria mais fácil, hoje em dia, perpetuar a sua obra, entendê-la, estudá-la e divulgá-la.

Os meus cumprimentos.